O Café Aquim nasceu, há pouco mais de um ano, com alma de café, como o próprio nome sugere. No refinado salão, uma cristaleira exibia (acho que exibe, ainda) os bolos do dia, entre outras delícias. No cardápio, café-da-manhã, chá da tarde, sanduichinhos, madeleines, financiers, chocolates e apenas alguns pratos mais substanciosos, pra quem pretendesse almoçar ou jantar por lá. Logo elegi o café-da-manhã como um dos meus favoritos na cidade. Pudera... Pães deliciosos, ovos mexidos numa charmosa cocotte, um fantástico bolo de limão siciliano com chocolate, financiers, madeleines, waffles e o melhor chocolate quente do Rio.
Apesar de ter almoçado por lá algumas vezes - sempre muito bem, diga-se de passagem -, pra mim, o forte do lugar sempre foram as comidinhas. E achava ótimo que fosse assim. O Rio de Janeiro é cheio de bons restaurantes, conduzidos por grandes chefs, mas é carente de cafés com uma cozinha do pedigree da de Samantha Aquim. Mas, em pouco tempo, a casa deixou de servir café-da-manhã nos dias de semana. E começou a reformular seu cardápio, pra se aproximar mais do conceito de um restaurante propriamente, o que, segundo me disse Samantha certa vez, seria uma demanda do próprio público (mais do que um desejo dela, ao que me pareceu). Fiquei na dúvida se eu gostava da idéia. Sempre vi o Aquim como um lugar que surgiu com a vocação natural de um café.
Enfim, o golpe mortal eu sofri há poucos dias, quando rumei pra lá num domingo de manhã e, ao chegar, descobri que não servem mais café-da-manhã nem aos sábados e domingos. Não quis tentar outro lugar. Naquele domingo, só o Café Aquim me satisfaria... Voltei meio cabisbaixa e me perguntando: será que é uma casa que está perdendo, aos poucos, a sua vocação? Como uma espécie de cirurgia plástica inoportuna, dessas que levam embora a beleza da expressão, pra substituí-la por algo menos verdadeiro? Tomara eu esteja errada...
Café Aquim - Avenida Ataulfo de Paiva 1240 – loja B – Leblon
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