22.10.10

Saudades da terrinha II

Sempre que fico muito tempo fora do meu casulo, ou seja, fora do Rio, da minha casa, da minha praia, da minha água de côco, bate aquele banzo. Essa melancolia que toma conta de mim é mesclada com um sentimento de rejeição, de comparação (in) voluntária com o que ocorre em outro canto do planeta.

Chama-se, com todas as letras, uma fusion de sentimentos: amor e ódio pela cidade na qual criamos raízes, pela qual nos afeiçoamos, mas que também nos traz uma revolta a cada pensamento.

Ao mesmo tempo, dá saudades do sol, do calor, do jeitinho. Mas, ao mesmo tempo, curto a liberdade de poder andar a pé nas ruas. A qualquer hora do dia ou da noite. Ou dirigir com a janela do carro aberta, tranquilamente. No Rio, ceifaram esse direito ao cidadão.

Como não ficar revoltado com o nível de violência que lemos pela internet a cada vez que abrimos o computador? Como não lastimar a falta de providencias daqueles que, supostamente, teriam que zelar pela nossa segurança. Não que “aqui”, onde estou, e não importa em que pedaço do mundo, não ocorra incidentes. “Aqui” também se arromba carros para furtar o GPS de dentro de porta-luvas e surrupia-se as bolsas penduradas ao léu atrás de uma cadeira de restaurante.


Mas, quando estamos do outro lado do Atlântico, olhamos com um olhar mais duro e cheio de mágoas para um Rio que vai hospedar os jogos olímpicos em... menos que um ano-luz, e a gente sacode a cabeça. Será que vai ser possível assegurar o bem-estar de tantos visitantes? Que impressão eles levarão do carioca?

E a raiva que voce fica no transito? Lembrando o quanto que manter a pontualidade é algo um tanto utópico no Rio, porque nunca se sabe que tipo de congestionamento voce vai pegar....

Mas, se voce pretende mudar de chip e vir morar em outro país, em outra cidade, sair do Rio , pensa duas,tres ou mil vezes. Aquela praia, aquele visual, aquela atmosfera contagiante de não–sei-que-lá ...Qualquer imagem da cidade, de um bairro, de uma batucada, faz seu coração se espremer, e, vamos combinar, ficar morrendo de saudades.



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