17.10.10

Feiras livres : as cores da democracia carioca

por Antonella Kann

Sempre gostei de feira. Dos cheiros, dos sabores, das cores, da maneira como as barracas são decoradas. Mamão, abacate, melancia, uva, verduras, tudo vira decoração. Pirâmides de frutas, cordilheira de legumes...

Adoro o bochicho, a gritaria dos feirantes alardeando seus produtos, suas promoções. “Três por dois, madame, paga só dez real.”

Não estranhe se alguém disser que “ é seu freguês”. No linguajar da feira livre, é quem vende que se torna o “seu” freguês” . Mas, em compensação, voce também é...e basta retornar uma segunda vez para ser tratado como habituê!


Dá até pra encher barriga: raros são os feirantes que não descascam um abacaxi pra oferecer aos clientes – “um mel, derrete na boca,” garantem. Uma fatia de melancia, um cacho de uva, um gomo de laranja, meia tangerina, uma lasca de goiaba... Quer queira, quer não, voce acaba virando o consumidor à la São Tomé – difícil comprar sem (com)provar!





Fui procurar a origem das feiras. Uma explicação é que as sobras de algumas mercadorias e a falta de outras levaram os produtores até os logradouros públicos com a finalidade de escambo. Ou seja, os comerciantes tentavam se livrar do seu excedente e trocá-lo por algo que não tinham. Isso desde...Cristo? Idade Média? Faz sentido.
As feiras livres perderam espaço para os supermercados – mas não perderam seu lugar ao sol, ao ar livre, defronte a praias, em belas praças públicas, em bairros nobres. E´ o espaço mais democrático depois da praia ( ou tanto o quanto, eu diria!)

O Rio tem feiras todo santo dia, algumas bem fartas e variadas, como é o caso da de Ipanema, na Henrique Dumont, nas segundas; a do Leblon, na General Urquiza, nas quintas; nas quartas, é a vez da Avenida Rui Barbosa, com direito à vista panorâmica do Pão de Açúcar e praia do Flamengo.

E aos domingos, a Praça do Ó, na Barra da Tijuca, tem o calor amenizado pela brisa do mar, e atrai banhistas quando retornam da praia. Nunca falta uma barraquinha pra se tomar uma água de côco e comer um suculento pastel, frito na hora....



Todo bairro tem suas feiras, com suas manhas, seus cheiros próprios, seus coloridos mirabolantes. Quem nunca foi zanzar numa feira não sabe o que está perdendo. E´ uma festa popular, movida à riqueza de nosso solo, onde quando se planta tudo dá.

Consulte www.rio.rj.gov.br para a localização de todas as feiras na cidade.


Dicas do Insiders:
Faz: barganhar é parte do ritual. Mas não exagere, só chore um descontinho.

Faz não: evite chegar depois das 11 horas da manhã, quando o ambiente da feira passa a ser tipo “final de festa”.















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