25.5.10

Alfredo, da Pão & Pão: o rei das empadinhas


por Antonella Kann

Até se tornar dono do próprio negócio, o petropolitano Alfredo Maia, de 51 anos, viveu longos anos do pão alheio que ele amassava. Hoje, a sua pequena “delipadaria” Pão&Pão está completando a maioridade, e nela são confeccionadas as empadinhas mais suculentas da região serrana fluminense. Eu vou mais longe: juro de pé juntos que são as melhores empadas que já comi.



“Até 29 anos de idade, trabalhei como ajudante de confeiteiro e padeiro nas melhores padarias de Petrópolis,” conta Alfredo, dono da minúscula lojinha que fica no centro de Nogueira, um dos recantos mais charmosos da serra.



Alfredo e a sua mulher Creuza tocam juntos o negócio. O carro-chefe é a empadinha de camarão recheada com catupiry. Assim que começou, bombou! Aos pouquinhos, introduziram pães recheados e doces como mil folhas de chocolate.




Mas, o melhor mesmo são as empadinhas, e hoje tem outros 12 sabores, como carne seca, shitake e tomate com champignon. Tem muita gente que desvia do caminho para vir até Nogueira só pra comer empada. Ah, abrem 365 dias por ano, das 8 da manhã até às 8 da noite.





Prepare-se para comer a empadinha de colherzinha - aliás, modalidade inventada pelo Alfredo, que eu nunca tinha visto isso antes. Mas é que derrete mesmo na boca e o catupiry é catupiry mesmo.




Pão & Pão, na frente da antiga estação de trem de Nogueira, pertinho da ponte. Aceita encomendas. É só perguntar que todo mundo conhece!

23.5.10

Por dentro do Copacabana Palace: o hotel hoje

Por Constance Escobar

Aproveitando o gancho do post anterior, que falou da história do Copacabana Palace, trago aqui o mesmo assunto, mas sob um outro viés. Proponho um olhar sobre o hotel nos dias de hoje ...

O Copacabana Palace não é apenas um hotel entre tantos. Habita o imaginário de quem quer que se dirija à cidade maravilhosa. É símbolo de uma época que, talvez, até hoje, o Rio de Janeiro tente resgatar. Culturalmente, marcou a história da cidade. Geograficamente, se insere no cenário da praia de Copacabana de tal forma que não é possível pensar em um sem se remeter ao outro.

Trata-se de um clássico. Transpira isso por todos os poros. Mas, se por um lado, entrar ali nos leva sem escalas aos anos dourados da cidade, por outro, deixa a impressão de que se quis, a tal ponto, preservar um momento, aprisioná-lo de tal forma, que, possivelmente, nada, absolutamente nada tenha mudado nas últimas décadas. Há quem veja isso como o grande trunfo do Copa: um gigante que marcou um tempo, preservado exatamente como antes. Talvez seja mesmo. A mim, particularmente, fica uma sensação de que o hotel, embora belo e imponente, é acometido de um certo ranço característico de tudo aquilo que se mantém preso ao passado…

A impressão é de que são os mesmos móveis, os mesmos tapetes, as mesmas flores de 50, 60 anos atrás…

Os mesmos quartos …



Um mesmo ar de antigamente dando o tom no respeitado restaurante Cipriani, que tem nos clássicos da cozinha italiana o seu foco…

E, sim, o mesmo charme, e um ar de glamour na famosa pérgula do hotel.

Aliás, minto. Há novidades no Copa. Alguns quartos foram renovados, seguindo o mesmo estilo dos demais…

O hotel ganhou, em 2007, um belo spa …

… e, em 2009, um bar, o já badalado Bar do Copa. O arquiteto Graham Viney pesou a mão na alegoria, mas confesso que o balcão do bar é um charme.

É, sem dúvida, um ícone a ser preservado. Não é possível imaginar o Rio sem o Copa. Mas me parece que lhe faria um bem enorme abrir as janelas e deixar entrar a brisa do mar. E, com ela, um ar de renovação de que mesmo os clássicos não podem – e não devem – prescindir. Porque, até pra continuar como antes, é preciso mudar. Arejar o que ficou datado. Libertar-se dos excessos que já não encontram mais lugar… Valorizar o passado naquilo que não se pode perder, mas sem tirar os olhos do que acontece hoje e, por que não, daquilo que está por vir…

www.copacabanapalace.com.br


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19.5.10

Copacabana Palace: o Rei da praia

A praia de Copacabana só com o hotel e algumas casas...não era tudo de bom?

por Antonella Kann

Enquanto arrumava a biblioteca, caiu em minhas mãos um livrinho fino, bastante curioso, mas nada chamativo, intitulado “ O sabor do Rio de Janeiro”. Publicado em 2004, ou seja, bem recente, compilou vários temas escritos sobre a cidade desde o século 16 até os nossos dias. Em resumo, o Rio fascina os escritores de todos os tempos e raros são os romancistas, poetas, exploradores ou intelectuais que pouparam elogios em seus comentários.

Resolvi pinçar alguns fatos, e algumas linhas interessantes sobre o hotel Copacabana Palace, um mito, sem sombra de dúvida. Consegui também junto ao hotel algumas imagens da década de 20 para ilustrar estes escritos, não só porque são fotos lindíssimas e históricas, mas é o único jeito que a gente tem de conhecer outras eras. Admito que uma das minhas fantasias é ficar divagando, até “entrar” nas fotos e me deixar transportar para o passado. Tão bom se existisse máquina do tempo.....

Naquele tempo dava até pra estacionar o calhambeque na frente do hotel.
Repare como quase não tem ninguém....Isso hoje é impensável, com o mundo de gente que formiga em volta da entrada do Copa...Também dá pra ver um pedacinho da murada, a Avenida Atlantica era uma pista só, de mão dupla.


Malas Vuitton? Quem saberia identificar? 

Você sabia que no ano de 1922, enquanto o hotel ainda estava em construção, alguns oficiais revoltados que marchavam contra as tropas governamentais tentaram tacar fogo no canteiro de obras? Por sorte, não houve grandes danos e alguns meses depois, já no ano de 1923, o estabelecimento foi inaugurado com uma pompa inédita para a época.
Tem mais: logo depois, em 1924, uma ressaca quase destrói completamente a calçada defronte ao hotel. Mas nada disso abalou o Copa, que já era o “lugar da moda”, onde todos marcavam para se encontrar.




Estava aberto o lugar mais em voga da cidade, onde todo mundo queria ver e ser visto. Do cantor russo Chaliapine ao presidente Washington Luis, de Santos Dumont a Eduardo VIII e George VI, aos Rothschild, e o filósofo alemão Keyserling...E chegamos a Bill Clinton, Carlos Menem, Robert de Niro, Mario Soares, Francis Ford Coppola, etc.
De monarcas, presidentes, príncipes, embaixadores, ministros e, dizem, até...espiões, o Copa já hospedou de tudo. E vamos combinar que, até hoje, é de bom tom. Seja lá quem quer que seja, independente de crença. Basta citar uma definição do texto, em que Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, ao se hospedarem no Copacabana Palace, mostraram ao mundo que “mesmo sendo de esquerda, dá pra apreciar a arte de viver da direita”.

13.5.10

Trutas do Rocio: 20 anos na serra

por Antonella Kann
Se tudo começou como passatempo, isso ninguém vai saber ao certo. O certo é que Luciana e o marido Joe, ainda saboreando uma lua-de-mel, foram morar num cantinho perto do céu, no meio de uma mata deslumbrante, lá no Rocio. Era a década de 90.

Pra quem não está familiarizado com a região, o Rocio fica pertinho de Petrópolis, Araras, aquelas bandas da serra fluminense, onde faz frio até mesmo no verão. Pode contar com cerca de uma hora e quinze do Rio.

E frio é justamente o que incentivou o Joe, que passou a criar trutas no seu amplo terreno. A iniciativa deu certo desde o inicio, graças a uma fusion entre o clima propício com a água cristalina e gélida que descia diretamente da montanha para os seus tanques.

Por outro lado, Luciana, que sempre gostou de cozinhar, aplicou seus talentos culinários e começou a criar receitas com o produto feito em casa. Joe sempre gostou de ter amigos por perto e assim, vamos florear a história do que seria o início de um empreendimento bem sucedido – a abertura do restaurante Trutas do Rocio, que acabou de comemorar seus 20 anos.

a charmosa cabana onde todo mundo senta à vontade, rodeado de vegetação.
O negócio deu certo e hoje, além de criar, defumam e já consagraram suas receitas como umas das mais saborosas da região. Na lista, a truta defumada com mostarda e o ceviche se destacam no cardápio. Os bolinhos de aipim com truta também batem recorde de pedidos. E o ambiente continua o mesmo: atendimento personalizado, decoração rústica e aconchegante e uma comida pra lá de saborosa.

TRUTAS DO ROCIO
Estrada da Vargem Grande 6333 , Rocio
0xx 24 2291 5623
Abre sábados e domingos para almoço.

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6.5.10

Duplo sotaque na feijoada do 66 Bistrô

Por Constance Escobar

Bistrô francês servindo feijoada? Isso mesmo. O 66 Bistrô, casa comandada por Thomas Troisgros no Jardim Botânico, vem se consagrando como uma das melhores opções pra feijoada de sábado no Rio. No charmoso jardim de inverno do bistrô, em paralelo ao cardápio usual, monta-se um buffet onde se servem, lado a lado, a feijoada brasileira e o cassoulet, a deliciosa especialidade francesa.

Tão logo se anuncia a opção pelo buffet, um saboroso caldinho de feijão chega à mesa pra lhe dar as boas-vindas...

Mas, antes de começar o ritual, não dá pra dispensar uma porção das boas gougères da casa...

Só depois disso é que me entrego ao colorido da mesa das feijoadas.

O feijão preto à brasileira vem com os acompanhamentos de sempre, com o detalhe de que a farofa é feita com panko (farelo de pão japonês). Muito gostosa, mas ainda fico com a nossa boa e velha farinha de mandioca. O grande diferencial é que se tem a opção de saborear também a dita feijoada francesa, que eu, particularmente, adoro. E o cassoulet de Thomas é dos bons.

Deixo aqui um conselho: da feijoada vá direto pro cafezinho e a conta. As sobremesas (pelo menos as que passaram pela minha mesa no dia em que estive lá), apesar de lindas, mostraram-se absolutamente dispensáveis.


66 Bistrô – Rua Alexandre Ferreira 66
Jardim Botânico
www.66bistro.com.br

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